segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Memórias imaginadas.... de Bernardo Alves

26 de Dezembro de 1914

       Amigo Diário
       Muita coisa mudou desde que escrevi aquele primeiro texto. Já não me considero um jovem entusiasta, ingénuo. Mantenho o entusiasmo em proteger o meu país, mas o país ficou bastante abalado com a invasão dos alemães que praticamente chegaram a Paris. Graças a Deus que os ingleses nos ajudaram.
    A guerra chegou a um impasse. Ambos os lados assumiram posições defensivas e começaram a escavar fossos, aos quais chamamos trincheiras. As condições pioram de dia para dia, devido à falta de alimentos e apenas chegam à frente de batalha alimentos de conserva.
  Mas, guardei o melhor para o fim . Anteontem e ontem, na véspera e no dia de Natal, ambos os lados confraternizaram. Sim, confraternizaram. 
Pensávamos que, pelo Natal, já estava tudo decidido, mas não. E não parece que esteja para breve o final.

Anteontem, ouvimos rumores de que tréguas tinham sido feitas por ambos os lados, começando em Ypres, na Bélgica, mas tínhamos receio de que fosse uma armadilha alemã. Começámos a cantar músicas natalícias e, do outro lado, logo nos começaram a imitar, apenas mudando a letra. Foi um momento especial, mas não ficou por aí. Um soldado alemão veio à terra de ninguém, dizendo, num francês macarrónico , que queriam tréguas. Então, na temida terra de ninguém, houve convívio e até troca de objetos das duas partes. Posso dizer  que, para mim, foi uma boa mudança, como uma lufada de ar fresco. Estas tréguas mantiveram-se até ontem; porém, hoje, a tensão recomeçou.
Bernardo Alves 

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